A igreja evangélica é muito conhecida hoje por correntes que dominam a mídia e pregam o chamado evangelho da prosperidade: sem problemas financeiros, afetivos, de saúde etc. Na contramão dessa corrente, a cantora e pastora Fernanda Brum acaba de lançar o CD Cura-me que, pelo título, já diz tudo. Fernanda explica: “Tenho dificuldade de compreender esse evangelho pregado que afirma que nós não vamos passar nada, que nós somos super-homens. Esse não é o Evangelho que eu conheço. Eu conheço a igreja perseguida, conheço os cristãos que estão martirizados e pessoas que sofrem, sim, mas que amam a Jesus Cristo, pessoas que vivem tragédias, mas que se recuperam e seguem em frente porque estão fortes em Jesus. Então esse CD tem o intuito de ser um bálsamo para os corações que precisam ir para pregar o Evangelho, mas precisam ser curados primeiro”.
Quando Cura-me chegou às lojas, já era muito aguardado pelo público. Afinal, Fernanda não é só uma cantora de sucesso – já recebeu dezenas de CDs e DVDs de Ouro e de Platina certificados pela ABPD – mas, principalmente, um referencial no segmento evangélico e até fora dele. Atender a essa expectativa exige cuidado a cada decisão tomada, como a escolha da música de trabalho. Cura-me tem 14 faixas que, segundo a presidente da gravadora MK Music, Yvelise de Oliveira, “têm, todas elas, potencial para ganhar popularidade e cair no gosto do público”. Como uma só deveria ser escolhida, optaram por “Coração que Sangra”, uma letra forte que fala de dor, de desafios vivenciados pelo servo de Deus, e que mostra bem a que veio o CD.
Cura-me, oitavo CD da cantora, também reflete muito o momento que Fernanda vive musicalmente. Desta vez, Fernanda não só compôs letras, mas voltou a tocar violão e também desenhou melodias. A produção é assinada por Emerson Pinheiro, seu marido, e parceiro desde o primeiro trabalho. “Eu vivi um momento em que o Emerson estava compondo para o disco solo dele, e eu não tive coragem de lhe pedir músicas. Então voltei a tocar violão, entrei dentro do meu quarto e fluiu. Eu pretendo continuar assim, voltar a tocar mais, a estudar mais”, promete Fernanda.
Essa característica da valorização do violão nas músicas é evidente. Em “Aborto, Não” – um flamenco empolgante -, ele impera. Falar nessa faixa sem explicar um pouquinho não dá. A canção nasceu durante uma viagem à Bahia em que Fernanda presenciou um protesto de mulheres que pleiteavam o direito ao aborto. “Eu vi aquela cena e pensei: tanta gente querendo abortar e eu não tive o direito de ter os dois filhos que perdi? Essa constatação aconteceu depois que eu passei pelo primeiro aborto e tive que ir para uma sala de cirurgia. Naquele dia, entendi que o aborto, a curetagem, era uma violência tão grande que questionei: 'Como uma pessoa é capaz de entrar num centro cirúrgico com uma criança viva no ventre e fazer aquele procedimento?' Essa canção é um protesto!”, decreta Fernanda, levantando a bandeira contra a legalização do aborto no país.
Fernanda tem um filho, Isaac, de 5 anos, cujo nascimento é considerado um milagre devido aos outros abortos espontâneos sofridos por Fernanda. Milagre que é cantado na faixa “Não é Tarde”, um dueto com Ana Paula Valadão, do Ministério Diante do Trono, que só pôde vivenciar a maternidade depois de alguns anos de espera. Enfim, Cura-me é um disco que fala de bênçãos, de lutas e de vitória, de perseverança, de aflições mas também de bálsamo. “É um disco de cura emocional que tem me feito muito bem”, conclui.
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